Teoria evolutiva de Oparin
Quando a comunidade científica aceitou, finalmente, a ideia da lenta evolução das espécies, estava o terreno propício para o surgimento da primeira explicação racional para a origem da Vida e esta surgiu em 1924.
Oparin considerou que as condições para a origem da Vida surgiram como uma etapa natural, incluída no constante movimento da matéria.
Tendo por base dados fornecidos por várias ciências, Oparin desenvolveu a sua teoria baseada no princípio: as condições existentes na Terra primitiva eram diferentes das de hoje.
Particularmente, a atmosfera seria redutora, ou seja, sem oxigénio mas rica em hidrogénio. Este facto teria como consequência directa a falta de ozono nas camadas superiores da atmosfera e o bombardeamento constante da superfície da Terra com raios U.V. Nessa atmosfera, o H2, seu principal constituinte, tenderia a reduzir as outras moléculas. Seria, também, uma atmosfera sem azoto e sem dióxido de carbono.
A sua constituição segundo Oparin, resultante da reacção dos gases provenientes da actividade vulcânica, seria: hidrogénio (H2), metano (CH4), amoníaco (NH3) e vapor de água. Estudos posteriores indicam que a atmosfera primitiva conteria ainda dióxido de carbono (CO2), azoto (N2), monóxido de carbono (CO) e sulfureto de hidrogénio (H2S).
A temperatura à superfície seria superior ao ponto de fusão do gelo mas inferior ao seu ponto de ebulição (0 - 100ºC). Parte da água terá sido decomposta, a quente, em hidrogénio, que se escapou para o espaço, e oxigénio, que se incorporou nas rochas. O restante vapor de água ter-se-á condensado, originando os oceanos, enquanto as chuvas intensas, correndo sobre os continentes, lhes extraíam o cálcio. Este ter-se-á acumulado em espessas camadas de sedimentos, que foram reincorporadas pelo manto. Este facto libertou a atmosfera de dióxido de carbono, evitando o desenvolvimento do efeito de estufa que existe em Vénus.
Sopa primitiva, formada por compostos orgânicos simples em solução nos oceanos
Esta mistura de gases, sujeita á acção de U.V., do calor da crusta em fase de arrefecimento, da radioactividade natural dos compostos recém formados e da actividade vulcânica, teria dado origem a compostos orgânicos simples em solução - sopa primitiva.
Esta explicação permitia ultrapassar a dificuldade da formação das primeiras biomoléculas (aminoácidos, oses, bases azotadas e ácidos gordos) pois estas teriam tido uma origem em moléculas inorgânicas.
A existência de certas rochas contendo minerais assimétricos, como as argilas, teriam facilitado a estruturação desses monómeros em polímeros, funcionando como catalisadores inorgânicos.
Segundo Oparin, os conjuntos moleculares ter-se-iam agregado numa estrutura rodeada por uma espécie de “membrana” de cadeias simples hidrocarbonadas, que a isolava do meio – coacervado.
Os coacervados derivam de um processo natural nas soluções de polímeros fortemente hidratados. Há uma separação espontânea de uma solução aquosa, inicialmente homogénea, em duas fases, uma rica em polímeros e outra quase exclusivamente água. Esta situação deve-se à atracção entre moléculas polares e repulsão entre moléculas polares e apolares.
Proteinóides obtidos em laboratório, semelhantes em estrutura aos coacervados
O coacervado é uma gotícula coloidal (formada por partículas muito pequenas mas maiores que as moléculas com polaridade) rica em polímeros em suspensão num meio aquoso. A membrana do coacervado é formada por moléculas de água dispostas em redor dos polímeros. O coacervado pode interagir com o meio, incorporando moléculas na sua estrutura, crescer e dividir-se. À medida que novas moléculas se iam agregando, se a nova combinação molecular não fosse estável, o coacervado destruía-se. Se fosse estável o coacervado aumentava de tamanho, até que se dividia em dois.
No interior do coacervado, algumas moléculas catalisavam novas combinações, enquanto outras, autoreplicáveis, começavam a controlar as reacções metabólicas. Deste modo, este conjunto de moléculas funcionaria como uma pré-célula, constituindo uma primeira manifestação de Vida.
Fonte: www.simbiótica.org
segunda-feira, janeiro 08, 2007
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